A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) divulgou, nesta quinta-feira, que já está na Procuradoria-Geral do Município um estudo pra o decreto que irá multar proprietários ou moradores de imóveis que acumulam lixo e, consequentemente, focos de dengue. O secretário Felippe Machado também atualizou números da dengue e do coronavírus na cidade.
Na 10ª semana epidemiológica de 2020, a cidade acumula 9.530 notificações da doença, dentre as quais 5.786 foram confirmadas. Ainda em relação aos casos notificados em 2020, o Município apontou que 2.919 ocorrências foram descartadas. Porém, 825 notificações seguem em análise, aguardando o resultado de exames laboratoriais.
Machado citou que o crescimento de 1.443 casos entre hoje e o boletim da semana anterior contempla a confirmação de exames que estavam em andamento, desde o mês de janeiro. “Nos preocupa muito esse crescimento, principalmente porque há uma grande circulação do sorotipo 2 da dengue, que provoca casos mais graves”, comentou.
Para este final de semana, a Prefeitura fará o Mutirão Bota Fora Unidos Contra a Dengue no Jardim Nova Esperança, na região sul. O trabalho intersetorial envolve recolhimento de itens descartados pelos moradores, aplicação de inseticida por meio de bombas costais, limpeza de áreas públicas e orientação aos moradores.
Multa e acesso a imóveis fechados
Somando-se a essas iniciativas, o Município prepara mais uma ferramenta de combate à dengue. “Está sendo elaborado um decreto para regulamentar as sanções para pessoas que dificultarem o combate e eliminação do vetor. A Prefeitura já realiza notificações, e com esse novo instrumento poderemos atuar, inclusive com multas, nos casos de reincidência de focos do Aedes aegytpi, obter autorização para entrar em imóveis fechados ou desocupados, e também onde for impedido nosso acesso”, antecipou o secretário.
O novo decreto, que deve ser assinado pelo prefeito Marcelo Belinati nos próximos dias, se baseia na lei municipal n° 8.815/2002, na lei federal n° 13.301/2016. As penalidades previstas são advertência, multa, que pode variar de R$ 50 a R$ 300 conforme o grau da infração, e interdição de imóveis comerciais.
O grau das infrações será caracterizado conforme o número de focos do Aedes, mosquito transmissor da dengue, que forem constatados no local. E em caso de reincidência, o valor da multa é dobrado. “Não lançamos mão dessa possibilidade desde o início por acreditarmos que, em um primeiro momento, era necessário alertar a população, conscientizando sobre a situação e dos riscos envolvidos. Fizemos os mutirões, divulgamos os dados oficiais, e embora essas medidas tenham seu efeito, ainda assim os números continuam crescendo. Por isso, optamos por utilizar mais uma ferramenta, que são as multas”, destacou Machado.
A Prefeitura também está oficializando uma parceria com proprietários de drones, que se voluntariaram a auxiliar nas vistorias de imóveis em busca de focos do mosquito. O objetivo é utilizar cerca de dez aparelhos para verificar denúncias feitas ao Disque-Dengue (0800-400-1893).
Bairros – Desde a última semana, algumas localidades mostraram redução no número de notificações por suspeita de dengue. São eles: San Izidro, Guanabara, Tókio, Alvorada, Ideal, Jardim do Sol, Milton Gavetti e Cabo Frio. “Embora nesses locais tenham reduzido as notificações, e seja algo positivo, isso não nos permite sair dessa situação de vigilância porque ainda estamos no auge da dengue em Londrina”, frisou o secretário municipal de Saúde.
A região norte é a área da cidade com o maior número de moradores com dengue. Desde janeiro, a região notificou 2.734 casos suspeitos, sendo que 1.887 foram confirmados, dentre uma população estimada de 143.474 pessoas. Em segundo lugar, está a região leste, com 3.100 notificações e 1.806 casos positivos, entre 79.987 moradores, aproximadamente.
Na terceira colocação, está a área central. Com uma população estimada de 120.216 moradores, no centro foram notificados 1.421 casos suspeitos, e 1.071 deram positivo para dengue. As regiões sul, oeste e zona rural, já registraram 498, 455 e 69 casos confirmados, respectivamente.
Desde a última semana, Londrina foi classificada pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA) dentre os municípios em situação de epidemia de dengue, por ter superado a relação de 300 casos positivos da doença para cada 100 mil habitantes.
A Secretaria Municipal de Saúde também informou que estão sendo investigados oito óbitos que podem ter sido provocados, ou não, pela dengue. Com idades na faixa etária de 36 a 95 anos, todos apresentavam sintomas da doença, e apenas três apresentaram histórico de doenças crônicas relacionadas.
Coronavírus – Após o primeiro caso suspeito de coronavírus ter sido notificado em Londrina, outros dois registros ocorreram nesta semana. Um homem, de 39 anos, retornou de viagem aos Estados Unidos em 29 de fevereiro, e a partir do dia 3 de março apresentou sintomas de infecção respiratória. Após procurar atendimento em unidade da rede privada, e ser enquadrado nos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, o paciente foi notificado como suspeita de coronavírus. Sua companheira, de 20 anos, também está com sintomas, porém não chegou a ser notificada oficialmente por não ter realizado o exame para diagnóstico.
O segundo caso refere-se a uma mulher de 28 anos, que também retornou dos Estados Unidos, em 28 de fevereiro. Os sintomas nesta paciente começaram em 2 de março, o atendimento médico também foi realizado na esfera particular, no dia 4 de março, onde foi coletado o exame para análise. Todos os três casos suspeitos são monitorados pela equipe de Vigilância Epidemiológica da SMS, mediante contato realizado diariamente por telefone.a o infectologista da SMS, Fábio Guedes Crespro, é essencial que a população mantenha os hábitos de etiqueta respiratória, evitando não só o contágio pelo Novo Coronavírus (COVID-19) como também outras infecções virais, como influenza. “Essa doença possui baixa mortalidade, e o contágio acontece por gotículas, ou seja, precisa de uma proximidade. Mas ainda assim a transmissibilidade é muito inferior a outras infecções. Enquanto um paciente com coronavírus transmite para outras duas a três pessoas, o paciente com HIV transmite a uma média de três a quatro pessoas, e com sarampo, para dez a quinze pessoas”, elencou.
O médico infectologista explicou que a lavagem das mãos, com água e sabão, deve ser realizada rotineiramente. “Pessoas sadias não precisam usar máscaras, não há evidência de que isso auxilie na prevenção. Somente quem está com sintomas deve evitar o contato com outras pessoas, para impedir a transmissão do vírus. E, na China, 80% dos casos de coronavírus foram classificados como leves, apenas 5% graves”, citou. (Fonte: Ncom)