Com bloqueio atmosférico, há meses as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil amargam a estiagem. Por meio do racionamento, os órgãos de distribuição e tratamento regulam a água. A pergunta é: o que está acontecendo? Para o Paraná, é a pior estiagem dos últimos 40 anos. Quais são consequências disso, em especial para o abastecimento de água e para a produção de alimentos?
De acordo com o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o bloqueio se deve, além de processos climáticos, à ausência de fenômenos como El Niño e La Niña, ao oceano neutro e às queimadas, muito representativas nesse processo.
O Mato Grosso foi o estado que mais teve queimadas do ano passado para cá, 3.587 focos, entre janeiro e abril. Com um aumento de 18% em relação a 2019, apresenta o maior número de queimadas dos últimos anos. O Mato Grosso do Sul com mais de 1.501 focos, também conta com um número que assusta em relação aos outros anos, ou seja, 43% a mais, dado indicado pela SOMAR Meteorologia.
Com o tempo seco, mapas registram que há menor umidade na Terra nos últimos anos, embora alguns lugares do Brasil apresentem números de umidade maiores, como no Triângulo Mineiro, o norte de São Paulo, Goiás, a Amazônia e o Nordeste.
A menor disponibilidade de umidade faz frente reversa na agricultura: a raiz das pastagens e outras culturas não conseguem atingir a água mais profunda, promovendo a seca e, consequentemente, a perda de produção.
A volta das chuvas, esperança de muitos, deverá acontecer nas primeiras semanas de maio, mas talvez não seja suficiente para regular os estoques muito baixos e evitar ainda o racionamento. Sugerimos evitar o desperdício, tomar banhos mais curtos e fazer o reuso da água, que é um bem universal e essencial para a manutenção da vida.
Veja o mapa da Nasa (anexo)
Umidade superficial do solo; áreas em vermelho representam menor disponibilidade de água superficial.
Fonte: Nasa
Autores:
Rodrigo Berté é diretor da Escola Superior de Saúde, Biociências e Meio Ambiente do Centro Universitário Internacional Uninter.
André M. Pelanda é professor da Escola Superior de Saúde, Biociências e Meio Ambiente do Centro Universitário Internacional Uninter.