Neste sábado (4), Ballet de Londrina apresenta seu mais novo espetáculo, conduzido por canções entoadas por Gal Costa e coreografado por Morena Nascimento
Gal Costa, que completaria no último setembro 80 anos, foi a grande intérprete do Tropicalismo e de sua leitura de um Brasil repleto de contradições. País onde convivem riqueza e pobreza, monstruoso e sublime, rural e urbano, clareza e escuridão. Também foi a voz que revelou as várias facetas do feminino, da sensualidade à força revolucionária. Estes são aspectos que transparecem em “Graça”, espetáculo do Ballet de Londrina que traz na trilha cantos e falas da artista baiana, nascida no bairro soteropolitano da Graça e batizada Maria da Graça. A montagem é a atração do Festival de Dança neste sábado, 4 de outubro, às 20 horas, no Teatro Ouro Verde (R. Maranhão, 85), com autoclassificação indicativa de 16 anos. Ingressos custam R$30 e R$15 (meia ou antecipado) e podem ser adquiridos pelo Sympla do evento ou na bilheteria do Teatro Ouro Verde, aberta diariamente a partir das 16 horas. O Festival tem patrocínio da Itaipu Binacional.
Esta é a primeira montagem das três décadas da companhia oficial da cidade com coreografia assinada por uma mulher: a bailarina mineira Morena Nascimento, que tem consolidado trabalho autoral e figura na cena internacional por ter integrado a Tanztheater Wuppertal, companhia de Pina Bausch. Ao receber o convite para coreografar o Ballet, Morena desejou que a voz de Gal Costa deveria atravessar o espetáculo, trazendo a multiplicidade desdobrável de sua personalidade artística e, de forma extensiva, do feminino. Aos poucos, em diálogo conceitual com o dramaturgista Renato Forin Jr. e propostas de movimento e improviso com a colaboração dos bailarinos, o espetáculo foi ganhando forma e estreou em outubro de 2024, com ajustes a serem feitos em detalhes técnicos. Agora, a montagem, já amadurecida e com grande sucesso nas cidades onde excursionou, se apresenta no Festival.
O resultado é um espetáculo de natureza poético-política, que conduz o público pelos ciclos de transformação, revolução e multiplicação tanto da vida humana quanto da natureza, de forma mais ampla. O roteiro desenha, no subtexto, um processo de desenvolvimento vital, que vai da semeadura à morte, passando pela lascívia da floração e pela bonança da frutificação – ciclo este acompanhado também pelo aro do Sol, dos primeiros raios da aurora à profunda escuridão da madrugada. Um elemento cenográfico que amarra os quadros do roteiro é o milho verde, símbolo de um Brasil brejeiro cantado por Gal, e que aparece da semente à explosão em pipoca, símbolo pop e um dos elementos ligados a Omolu, seu orixá.
As referências são sutilmente captadas não só nas palavras entoadas na trilha ou que figuram nas imagens cênicas, mas também nas coreografias de Nascimento, de tom potente e visceral, sem perder a poeticidade de movimentos sinuosos, com grande emprego dos braços e mãos, numa dança de motivação interior. A alternância de conjuntos sincrônicos com solos dita um ritmo hipnotizante para o espetáculo, que tem, em média, sessenta minutos e que propõe o diálogo entre linguagens artísticas: a dança é o carro-chefe de uma cena expandida, que envolve cinema, plasticidade, poesia e música.
Na trilha, será possível ouvir, com dramaturgia minuciosa, não só trechos de entrevistas, como canções que passam por diversas fases de Gal. Sucessos como “Força estranha” (Caetano Veloso) e “Lágrimas negras” (Jorge Mautner e Nelson Jacobina) aparecem ao lado de menos conhecidas, como “Átimo de som” (Arnaldo Antunes e José Miguel Wisnik) e “Chululu”, lulaby composto por Mariah, mãe da intérprete e que, quando grávida, passava horas ouvindo música clássica com o desejo de ter um filho ou filha musicista. A figura materna está desde uma das canções de abertura: “Mãe da Manhã”, que Gilberto Gil compôs em homenagem a Mariah. A trilha foi editada por Sarah Delallo.
O elenco de “Graça” é formado por Alessandra Menegazzo, Duda Casagrande, Duda Santos, Gabriel Rosário Rosa, Ione Queiroz, José Villaça, Matheus Nemoto, Nayara Stanganelli, Viviane Terrenta e Wesley Silva. O patrocínio do Ballet de Londrina e da Funcart, sua mantenedora, é da Prefeitura Municipal de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. O Ballet de Londrina tem direção geral de Marciano Boletti e direção de produção de Danieli Pereira.
Itaipu apresenta Festival de Dança de Londrina 2025. Realização: APD – Associação dos Profissionais de Dança de Londrina e Região Norte do Paraná. Patrocínio exclusivo da Itaipu Binacional. Apoios da Casa de Cultura da UEL e da Rádio UEL FM.
Serviço:
Graça
Ballet de Londrina
(Londrina – PR)
Dia 4 out (sab)
20 horas
Teatro Ouro Verde
(R. Maranhão, 85)
Autoclassificação indicativa: 16 anos
Duração: 60 minutos
Ingressos: R$30 e R$15 (meia ou antecipada – antes do dia 4)
Ingressos: sympla.com.br/festivaldedancadelondrina
ou na bilheteria do Teatro Ouro Verde (em dias de espetáculo, a partir das 16 horas)
Ficha Técnica:
Coreografia: Morena Nascimento (em colaboração com o elenco)
Dramaturgista e colaborador geral: Renato Forin Jr.
Diretor e ensaiador do Ballet de Londrina: Marciano Boletti
Assistente de direção e direção de produção: Danieli Pereira
Figurinos: o grupo
Costureira: Cida Fernandes
Edição de trilha sonora: Sara Delallo
Aderecista: Luciana Lupi
Desenho de luz: Ricardo Grings
Elenco: Alessandra Menegazzo, Duda Casagrande, Duda Santos, Gabriel Rosário Rosa, Ione Queiroz, José Villaça, Matheus Nemoto, Nayara Stanganelli, Viviane Terrenta e Wesley Silva.
Assessoria de comunicação e textos: Renato Forin Jr.
Mídias sociais: Maria Eduarda Oliveira
Fotos: Fábio Alcover
Videomaker: Arthur Ribeiro
Realização: FUNCART – Fundação Cultura Artística de Londrina e Secretaria de Cultura/Prefeitura Municipal de Londrina
A FUNCART é uma instituição privada sem fins lucrativos, reconhecida como de utilidade pública municipal pela lei 6592/24/05/06, que atua nos setores da cultura e assistência social e é parceira da prefeitura de Londrina desde 1993.