Após 26 anos sem a ocorrência de casos positivos, Londrina confirma o primeiro paciente com sarampo. Em entrevista coletiva na terça-feira (15), o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado (foto), divulgou que um jovem de 18 anos contraiu o vírus durante viagem a Maringá, em meados de setembro. Após seu retorno a Londrina, com o surgimento dos sintomas, o paciente procurou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Oeste.
A confirmação do caso de sarampo se deu com a realização de exames laboratoriais. “Recebemos na data de hoje o resultado do Laboratório Central do Estado. É o primeiro caso confirmado da doença na cidade, e a Secretaria Municipal de Saúde tomou todas as providências em relação ao protocolo vigente de bloqueio e o resultado se mostrou positivo, haja vista que se passaram quase 30 dias e não identificamos, no ciclo de convivência desse jovem, nenhuma outra pessoa com sinais ou sintomas da doença”, frisou Machado.
O secretário municipal de Saúde explicou que, no total, nove pessoas próximas do paciente foram monitoradas, sendo que todos os contatos intradomiciliares foram vacinados no dia da suspeita do caso. “Essa vacinação é feita em até 72 horas após o surgimento dos sintomas. Há mais três casos, que também participaram desta viagem a Maringá, que apresentaram sintomas de sarampo. Foram colhidos os exames, porém como o resultado foi inclusivo solicitamos a repetição, e devemos ter um parecer até o final da próxima semana”, explicou.
Machado destacou que o paciente já se recuperou da doença, cujo tratamento é para o alívio dos sintomas, e que o jovem estava com a vacinação incompleta. O Calendário Nacional de Vacinação prevê, para pessoas de até 29 anos, duas doses da vacina contra o sarampo, porém o paciente de Londrina que contraiu a doença só recebeu uma dose. “Importante ressaltar a necessidade da vacinação. Hoje, Londrina possui uma cobertura vacinal de 60%, e esse número é extremamente baixo e preocupante, haja vista que agora apresentamos a circulação do vírus na cidade”, ressaltou.
Mobilização – Com o objetivo de oportunizar a imunização das crianças com idade de 6 meses a menores de 5 anos, neste sábado (19) as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estarão abertas, tanto na área urbana como rural, para vacinação. O atendimento estará disponível das 8h às 17h, na área urbana, e das 8h às 14h, nos distritos.
De acordo com a diretora de Vigilância em Saúde, Sônia Fernandes, não há meio mais seguro ou eficaz de prevenir o contágio por sarampo, do que a vacinação. “Com a confirmação deste primeiro caso, a vacinação é ainda mais importante, para que a gente possa ver como está a carteira dessas crianças, e deixe as vacinas em dia. É extremamente necessário que todas as crianças tenham as vacinas. Fazemos apelo para que os pais levem, porque vacina é prevenção extremamente segura, e nesse momento é a única coisa que pode ajudar a controlar o sarampo em nossa cidade”, informou.
Sônia citou que, por ter recebido apenas uma imunização, o paciente que teve o caso de sarampo confirmado teve uma forma mais branda da doença. “Para este jovem a vacina funcionou como uma espécie de inibição, ainda que ele tenha ficado doente. E é isso que não queremos, pois as crianças são muito mais sensíveis, ficam muito debilitadas. Na década de 80, o sarampo era a principal causa de óbito infantil, e não podemos ter, nos dias de hoje, óbito de crianças que poderiam ter sido imunizadas. É um retrocesso que não podemos deixar acontecer em nosso município, e não há motivo para não vacinar”, finalizou.
Dados – A vacinação contra o sarampo é fornecida na rede municipal, sendo disponibilizada em todas as UBSs. A vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola, é disponibilizada no Calendário Nacional de Vacinação em duas doses, destinada a crianças de 12 e 15 meses.
O último levantamento da Secretaria Municipal de Saúde indica que, este ano, a primeira dose de tríplice viral, realizada aos 12 meses, já tenha sido aplicada em 21.724 pessoas. Do total de 35.839 crianças nessa faixa etária, a cobertura é de 60,62%. Em relação a segunda dose, foram realizadas 21.222 doses. Com 35.839 crianças nessa faixa etária, o índice de cobertura é de 59,21%.
Diante do grande número de casos confirmados de sarampo no país, o Ministério de Saúde disponibilizou uma dose complementar da vacina, voltada aos bebês na faixa etária de 6 meses a menores de 12 meses, chamada de “dose zero”. O objetivo é ampliar a proteção contra a doença, em especial a esse público, mais suscetível a graves complicações.
Em Londrina, a Secretaria Municipal de Saúde estima que a população com direito a dose zero seja de 5.182 crianças. Desde a liberação dessa dose extra, em agosto, foi registrada a aplicação de 2.833 vacinas em crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias, o que representa uma cobertura de 54,67% do total estimado. (Fonte: NCom)