Após crise dos combustíveis, Pedro Parente deixa a Petrobrás

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu, hoje (1º), demissão do cargo. O comunicado foi feito em fato relevante divulgado ao mercado. Parente se reuniu com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto.

O comunicado da Petrobras informa que “a nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao longo do dia de hoje. A composição dos demais membros da diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração”.

Às 11h20, logo após o anúncio da demissão de Parente, a Bolsa de Valores de São Paulo registrou queda. Em aviso de fato relevante, a estatal informou que as negociações das ações PETR-N2 foram suspensas das 11h22 às 11h42.

O presidente Michel Temer ainda estuda um nome para substituir Pedro Parente na presidência da Petrobras. Parente chegou para a conversa com Temer já com a carta de demissão pronta e em “caráter irrevogável e irretratável” – o que colocou sobre os ombros do Palácio do Planalto o peso de administrar mais este problema, com grandes repercussões no mercado interno e externo. Isso quando o governo mal havia contornado as turbulências provocadas em todo o país pela greve dos caminhoneiros. Ou seja: os momentos de grande tensão continuam a ter de ser administrados pelo governo, focados agora em sua maior estatal.

Apesar de se colocar à disposição para a transição, Parente não foi sensível a, pelo menos, adiar sua saída. Na carta de demissão, ele acabou também sugerindo ao presidente que faça uma escolha técnica, sem interferência política, como, destacou o executivo, Temer fez há dois anos quando assumiu o governo. “(Que) Vossa Excelência se apoie nas regras corporativas, que tanto foram aperfeiçoadas nesses dois anos, e na contribuição do Conselho de Administração para a escolha do novo presidente da Petrobras”, sugeriu. Logo após a divulgação da demissão de Parente, o Conselho de Administração da estatal se reuniu no Rio de Janeiro, onde fica a sede da empresa.

Mesmo em meio à paralisação dos caminhoneiros, o governo continuou apoiando a política de preços da Petrobras, que prevê variação diária, para mais ou para menos, com base nos preços internacionais. No mesmo dia em que a greve foi deflagrada, a Petrobras anunciou reajustes e seu presidente reafirmou que nada mudaria. Mesmo tendo sempre apoiado a gestão independente de Parente, o governo não deixava de reconhecer internamente que o sobe e desce diário do preço dos combustíveis, por mais que o saldo final fosse a estabilidade de preços, teria efeitos negativos sobre a população, dificultando até a percepção sobre a real queda da inflação.

A saída de Parente deverá permitir que setores do governo coloquem em pauta essa questão. O ex-presidente da estatal avaliou em sua carta que isso ocorreria. “Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente”. (Fonte: ABr)

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