Prédio central da AML será “patrimônio de preservação”

Um dos ícones do Centro Histórico de Londrina, o prédio que  hoje abriga o Espaço Cultural da Associação Médica de Londrina (AML)  – e que foi a primeira sede da entidade na cidade  – agora está listado pela Secretaria Municipal de  Cultura como Patrimônio de Interesse de Preservação. Isso significa que a edificação apresenta características dignas de serem preservadas e por isso receberá incentivos mínimos para sua conservação.

“A listagem dos bens de interesse de preservação é um dos instrumentos que temos em Londrina para estimular a conservação de imóveis. Após ser listada, a edificação passa a ser acompanhada pela Secretaria Municipal de Cultura para que receba apoio e tenha suas características preservadas”, explica Solange Batigliana, diretora de Patrimônio Artístico e Histórico Cultural do município.

Na prática, essa indicação se traduz em incentivo financeiro para a conservação do patrimônio, uma vez que o valor que seria destinado ao pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pode ser revertido em obras de manutenção do imóvel, auxiliando – ainda que minimamente – nos custos necessários para a preservação.

Para a presidente da AML, Beatriz Tamura, a listagem é o reconhecimento pelos órgãos públicos da importância e relevância da edificação da AML como patrimônio que marcou a história arquitetônica da cidade. “Além disso, o espaço tem um histórico de contribuição cultural e artística, fomentado desde a sua inauguração”, destaca.

“Quarteirão histórico”

Por enquanto, o prédio do Espaço Cultural da AML é o único edifício privado listado pela Diretoria de Patrimônio Público de Londrina, mas há outros dois imóveis que já foram tombados pelo órgão: os prédios que abrigaram a extinta Casa da Criança e o antigo Fórum de Londrina, onde hoje se localizam, respectivamente, as bibliotecas Infantil e Municipal. “É muito importante que o prédio da AML tenha recebido esse apoio porque ele está inserido em um quarteirão histórico, de grande relevância para a cidade”, ressalta Solange Batigliana.

Inicialmente esse quadrilátero foi destacado pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) para concentrar espaços destinados a serviços públicos, como os Correios – que opera ainda hoje; o Fórum; a Casa da Criança, que era um centro de cuidados à saúde infantil; e o próprio Centro de Saúde Municipal, todos ainda preservados. “Então essa listagem, que foi solicitada pela AML, contribui para que este quarteirão esteja cada vez mais protegido, com uma atenção especial para a preservação das suas características”, considera a Diretora de Patrimônio.

Solange Batigliana esclarece que ao integrar a listagem de Patrimônio de Interesse de Preservação, um edifício pode sim, futuramente ser tombado. Mas, no caso de edificações particulares, como o prédio da AML, o pedido de tombamento vai depender de como a conservação das características originais do imóvel será conduzida pelos proprietários no decorrer do tempo. Embora o tombamento pareça mais atraente do ponto de vista financeiro – já que haveria investimentos públicos no processo –  a Diretora de Patrimônio alerta que, quando um patrimônio particular é tombado, há também maior intervenção pública sobre a edificação, como a necessidade de autorização prévia para qualquer modificação, seja de fachada ou estrutural. 

Apesar de ter apenas 87 anos, Londrina já conta com patrimônios tombados pelos três níveis de administração pública. Além dos bens declarados pelo município, estão tombados pelo Estado o Teatro Ouro Verde, o Museu de Arte (antiga rodoviária), a Praça Rocha Pombo e o Palacete Garcia, cujo tombamento também foi feito a pedido da família, em um período em que o município não dispunha de nenhuma lei de preservação. Em 2021, o edifício do Museu de Arte também foi tombado como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Legado cultural

Apresentando características do estilo Modernista – com fachada envidraçada, elementos em ferro e linhas retas – à época da construção, o edifício da Associação Médica de Londrina foi considerado moderno e inovador, por se diferenciar completamente das demais edificações ao redor.

O prédio começou a ser construído em 1959 e foi inaugurado em 1965. Desde então, o local tem sido palco de atividades culturais, artísticas e científicas. Ao longo dos anos o espaço recebeu grandes óperas, orquestras, encontros científicos, filmes e exposições comandadas pelos médicos.

A partir de 2009 permaneceu por 10 anos em comodato. Em novembro de 2019 o local voltou para a AML.  “Desde a criação da AML, nossos médicos atuaram não só na medicina, mas também incentivando e contribuindo nas demais áreas, igualmente importantes para a manutenção da saúde física e mental dos londrinenses”, afirma a presidente Beatriz Tamura.

Durante o período de pandemia, o Espaço AML Cultural passou por um intenso trabalho de recuperação – tanto no sentido de infraestrutura, como de  propósito . Agora, o local está de portas abertas para a cultura, para as artes, e já recebe uma intensa agenda de apresentações. (Com assessoria de imprensa da AML)

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