Relógio inteligente usa tecnologia para monitorar idosos com risco de quedas


As quedas dentro de casa seguem como uma das principais causas de internações entre idosos no Brasil. Apenas nos quatro primeiros meses de 2025, mais de 62 mil internações foram registradas em decorrência desse tipo de acidente, segundo dados do Ministério da Saúde. No mesmo período, os atendimentos ambulatoriais por quedas, quando não há necessidade de internação, ultrapassaram 67 mil casos, reforçando a dimensão do problema e seus impactos no sistema de saúde.

Além da frequência elevada, as quedas representam um risco ainda maior para a população idosa por causa da fragilidade óssea e da maior probabilidade de fraturas, especialmente de quadril e fêmur. Nesses casos, o tempo entre o acidente e o socorro pode ser determinante para evitar complicações, perda de mobilidade e longos períodos de reabilitação.

É justamente nesse ponto que a tecnologia começa a ganhar protagonismo. Em Londrina, o plano de saúde Hospitalar deu início a um projeto piloto que utiliza relógios inteligentes para monitorar idosos com risco de quedas, oferecendo acompanhamento 24 horas e resposta imediata em situações de emergência. A iniciativa, ainda em fase de testes, atende pacientes selecionados a partir de critérios clínicos, como histórico de comorbidades e episódios prévios de quedas.

O dispositivo funciona com sensores capazes de identificar movimentos atípicos e impactos característicos de uma queda. Quando isso acontece, o relógio, que possui chip celular próprio, realiza automaticamente uma chamada de voz para a central de atendimento, que já tem acesso ao cadastro e ao endereço do paciente, agilizando o acionamento do socorro. O usuário também pode pedir ajuda a qualquer momento por meio de um botão de emergência. À prova d’água, leve e de uso simples, o equipamento foi pensado para acompanhar a rotina do idoso sem interferir em suas atividades.
Além da detecção de quedas, o relógio monitora sinais vitais e pode ser configurado para emitir alertas em caso de alterações fora do padrão, acionando automaticamente a equipe de atendimento ou familiares cadastrados. O projeto foi desenvolvido em parceria com uma startup de Curitiba, responsável tanto pelo hardware quanto pelo software de monitoramento, e representa uma das primeiras experiências do tipo na região.

Entre os participantes do projeto está o aposentado Luiz Nalon, que convive com problemas ósseos e já passou por três cirurgias na região do quadril. Ele conta que, mesmo sem ter precisado acionar o botão de emergência, o uso do dispositivo trouxe mais tranquilidade para ele e para a família. “Estou usando todos os dias. Ainda não precisei acionar, mas traz mais segurança. E para meu filho também, que sabe que, se acontecer algo, será avisado”, relata.

Além do relógio, o Hospitalar também disponibilizou para testes um colar inteligente, voltado a pacientes com perfil semelhante de risco. Nesse caso, o dispositivo funciona com um botão de alerta conectado a um transmissor fixo, instalado na residência do usuário e ligado à internet. Ao acionar o botão, o paciente entra em contato direto com a central de emergências, o que permite resposta rápida em situações como quedas ou mal-estar súbito.

Outro participante da iniciativa, João Batista de Souza, destaca o impacto do equipamento na rotina diária. “O relógio me dá mais segurança, principalmente quando saio de casa. Saber que posso contar com ajuda imediata, se precisar, traz muita tranquilidade. Felizmente, ainda não precisei usar em uma emergência, mas só de saber que está ali já faz diferença”, afirma.

A expectativa do Hospitalar é avaliar os resultados do projeto piloto para ampliar a iniciativa e integrar soluções tecnológicas de monitoramento ao cuidado contínuo da população idosa, reduzindo riscos, prevenindo agravamentos e promovendo mais autonomia e segurança no dia a dia.