Nesta sexta e sábado, companhia estreia espetáculo assinado por Morena Nascimento e com trilha conduzida pela voz de Gal Costa
Prestes a completar 31 anos de trajetória, o Ballet de Londrina estreia nesta sexta-feira e sábado, dias 11 e 12 de outubro, sua primeira montagem assinada por uma artista-mulher. A bailarina e coreógrafa mineira Morena Nascimento, que tem consolidado trabalho autoral e figura na cena internacional por ter integrado a Tanztheater Wuppertal, companhia de Pina Bausch, permaneceu em Londrina em duas temporadas, entre setembro e outubro, para coreografar e dirigir o trabalho. “Graça” entra em cena no Teatro Universitário Ouro Verde (R. Maranhão, 85), sempre às 20 horas, com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Os bilhetes podem ser adquiridos com antecedência no Sympla (https://www.sympla.com.br/produtor/funcart) ou diretamente na bilheteria do teatro. A autoclassificação indicativa é de 14 anos. O Ballet de Londrina tem direção geral de Marciano Boletti e direção de produção de Danieli Pereira.
Ao saber que seria a primeira coreógrafa da companhia Londrinense, Morena idealizou que a voz de Gal Costa deveria atravessar o espetáculo trazendo a multiplicidade desdobrável de sua personalidade artística e, de forma extensiva, do feminino. Com algumas canções prévias e propostas de movimento e improviso, o espetáculo começou a ganhar forma em Londrina, pela colaboração com os dez bailarinos do elenco e pelos diálogos com o dramaturgista Renato Forin Jr.
O resultado é uma montagem de natureza poético-política, que conduz o público pelos ciclos de transformação, revolução e multiplicação tanto da vida humana quanto da natureza, de forma mais ampla. O roteiro desenha, no subtexto, um processo de desenvolvimento vital, que vai da semeadura à morte, passando pela lascívia da floração e pela bonança da frutificação – ciclo este acompanhado também pelo aro do Sol, dos primeiros raios da aurora à profunda escuridão da madrugada.
As referências são sutilmente captadas não só nas palavras cantadas ou que figuram nas cenografias, mas principalmente nas coreografias de Morena Nascimento, de tom potente e visceral, sem perder a poeticidade de movimentos sinuosos, com grande emprego dos braços e mãos, numa dança de motivação interior. A alternância de conjuntos sincrônicos com solos e o diálogo entre ambos ditam um ritmo hipnotizante para o espetáculo, que tem, em média, sessenta minutos. Outra característica do trabalho autoral da diretora muito presente em “Graça” é o diálogo entre linguagens artísticas, assim, a dança é o carro-chefe de uma cena expandida, que envolve cinema, plasticidade, poesia e música.
O jogo de contrastes do Tropicalismo, movimento artístico da década de 1960 e 70 do qual Gal foi representante dileta, afinado em sua brasilidade rural-urbana, traduz-se na montagem em uma reflexão profunda sobre a dádiva da existência, na qual convivem vida e morte, claridade e escuridão, prazer e dor, ousadia e delicadeza, natureza e civilização. Oposições que movem o motor dos dias e permitem com que se possa grassar tudo quanto existe.
Na trilha, será possível ouvir, com organização minuciosa, não só trechos de entrevistas, como canções que passam por diversas fases da baiana Maria da Graça, que se criou no bairro da Graça, em Salvador. Sucessos como “Força estranha” (Caetano Veloso) e “Lágrimas negras” (Jorge Mautner e Nelson Jacobina) aparecem ao lado de canções menos conhecidas, como “Átimo de som” (Arnaldo Antunes e José Miguel Wisnik) e “Chululu”, lulaby composto por Mariah, mãe de Gal que, quando grávida, passava horas ouvindo música clássica com o desejo de ter um filho ou filha musicista. A figura materna está desde uma das canções de abertura: “Mãe da Manhã”, que Gilberto Gil compôs em homenagem a Mariah. A trilha foi editada por Sarah Delallo.
O elenco de “Graça” é formado por Alessandra Menegazzo, Debora Grossmann, Higor Vargas, Ione Queiroz, José Villaça, Luca Salvatore, Matheus Nemoto, Nayara Stanganelli, Viviane Terrenta e Wesley Silva. O desenho de luz é de Ricardo Grings. O patrocínio do Ballet de Londrina e da Funcart, sua mantenedora, é da Prefeitura Municipal de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.
Serviço:
Graça
de Morena Nascimento
com Ballet de Londrina
Dias 11 e 12 de outubro (sexta e sábado)
Às 20 horas
Teatro Universitário Ouro Verde
Ingressos: R$30 e R$15
À venda na Funcart (Souza Naves, 2380), na bilheteria do Teatro Ouro Verde e no Sympla: https://www.sympla.com.br/produtor/funcart
Autoclassificação indicativa: 14 anos
Ficha Técnica:
Direção: Morena Nascimento
Coreografia: Morena Nascimento em colaboração com Ballet de Londrina
Dramaturgista e colaborador geral: Renato Forin Jr.
Diretor e ensaiador Ballet de Londrina: Marciano Boletti
Assistente de direção e direção de produção: Danieli Pereira
Elenco: Alessandra Menegazzo, Debora Grossmann, Higor Vargas, Ione Queiroz, José Villaça, Luca Salvatore, Matheus Nemoto, Nayara Stanganelli, Viviane Terrenta e Wesley Silva
Figurinos: processo em desenvolvimento por toda a equipe
Assistente de adereços de figurino e produção: Luciana Lupi
Costureira: Cida Fernandes
Desenho de luz: Ricardo Grings, Morena Nascimento e Marciano Boletti
Edição de trilha sonora: Sara Delallo
Assessoria de comunicação e textos: Renato Forin Jr.
Mídias sociais: Maria Eduarda Oliveira
Fotos: Fábio Alcover
Videomaker: Arthur Ribeiro
Realização: FUNCART – Fundação Cultura Artística de Londrina e Secretaria de Cultura/Prefeitura Municipal de Londrina
A FUNCART é uma instituição privada sem fins lucrativos, reconhecida como de utilidade pública municipal pela lei 6592/24/05/06, que atua nos setores da cultura e assistência social e é parceira da prefeitura de Londrina desde 1993.