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Campanha viabiliza cirurgia e jovem recupera movimentos

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Julia Montoani e o neurocirurgião Alexandre Canheu (foto: Divulgação)

Após 15 dias da cirurgia para retirada de um raro tumor cerebral, a estudante Julia Ribeiro Montoani, de 15 anos, recebeu na última terça-feira (22) a notícia de que mais de 90% da massa tumoral foi eliminada, e que ela é benigna. A adolescente de Siqueira Campos, no Norte do Paraná, correu contra o tempo. Ela corria o risco de perder os movimentos do corpo, caso não realizasse com rapidez o procedimento, que foi feito em Londrina com o uso de alta tecnologia.

A jovem praticava diversos esportes, mas precisou parar quando descobriu a doença e perdeu parte da capacidade motora do lado esquerdo do corpo, após sofrer duas convulsões em julho deste ano. “Eu espero poder voltar a jogar vôlei e tênis de mesa. Estou me sentindo bem melhor porque eu tinha muita dor de cabeça e tontura”, explica Júlia sobre sua vida após a intervenção médica.

A mãe da adolescente, Edina da Silva Ribeiro Montoani conta que a filha está 80% recuperada, “a Júlia é um milagre”. De acordo com a familiar, a equipe médica foi surpreendida durante a cirurgia, “o médico relatou que não pode retirar todo o tumor, que era grande e estava afetando bastante a área motora. Percebendo que estava profundo, ele tomou a decisão de preservar o movimento da minha filha, porque se aprofundasse para retirar inteiro, ela perderia todos os movimentos para sempre”, esclarece Edina.

Cirurgia delicada e tecnológica

O neurocirurgião Alexandre Canheu, que operou Julia no Hospital Evangélico de Londrina, explica que o procedimento delicado exigiu o uso de diferentes tecnologias, como tractografia, neuronavegador, ultrassom intra-operatório, eletrocorticografia intra-operatória e monitorização eletrofisiológica, bem como o uso do corante fluoresceína no momento da ressecção tumoral, que foram determinantes no resultado. O profissional pontua que foi preciso ter o máximo de cuidado para minimizar sequelas.

Um neuronavegador auxiliou o médico a fazer uma craniotomia menor e mais centrada no tumor e ao mesmo tempo na localização dos limites tumorais, e assim conseguir realizar o procedimento de forma mais segura. Ao mesmo tempo, o equipamento transmitia na tela de um computador as imagens ao vivo do que era feito.

“Retiramos quase a totalidade do tumor, a ressonância confirmou que tem até 15% dele na área primária do cérebro, e a retirada poderia comprometer os movimentos de forma definitiva. Toda a irrigação do tumor foi retirada, para que não volte a crescer, ainda será avaliada a necessidade de quimioterapia ou radioterapia”, diz Canheu.

Expectativas para o futuro

Julia conta que teve permissão para receber visitas e que está ansiosa para rever os amigos. “Foi tudo muito rápido, ainda estou tentando assimilar”, diz a adolescente. A jovem ainda não voltou a frequentar as aulas na escola, mas realiza atividades on-line para acompanhar o estudo. “eu quero voltar ainda esse ano”, explica.

A mãe conta que se sente grata por todos que ajudaram na vaquinha on-line que fez para custear o procedimento. E que o valor que sobrou está sendo usado com o pós-operatório, e que a filha vai ao fisioterapeuta todos os dias, “Todos que ajudaram salvaram minha filha”, diz Edina.

De acordo com a familiar, com a união de amigos, familiares, empresários da cidade em que moram, pessoas de todo Brasil e até mesmo da França e dos Estados Unidos foi possível arrecadar quase R$ 100 mil em quatro dias para fazer a cirurgia que não tinha previsão de quando poderia ser realizada pelo Sistema Único de Saúde, apesar do empenho de médicos e Secretarias de Saúde da região.

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