Cigarro eletrônico, ultraprocessados e anabolizantes causam AVC entre jovens

O aumento da obesidade, o uso de anabolizantes e estimulantes e o consumo de cigarros eletrônicos estão entre os fatores que podem estar contribuindo para um crescimento nos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em pessoas jovens. Dados do Ministério da Saúde mostram que 62 mil pessoas abaixo dos 45 anos morreram em decorrência de AVC no Brasil entre os anos 2000 e 2010. No país, a doença é a segunda maior causa de morte, atrás apenas das doenças cardíacas.

Segundo o médico neurologista Lucas Bertoldi, do Hospital Evangélico de Londrina, diversos estudos têm demonstrado aumento da incidência do AVC isquêmico – quando há bloqueio em uma artéria cerebral – entre os jovens na faixa etária entre 15 e 34 anos. Esse é o tipo mais comum de AVC, prevalecendo em cerca de 85% dos casos.

Os fatores de risco, segundo o especialista, estão diretamente ligados ao desenvolvimento de hábitos pouco saudáveis relacionados à alimentação, sedentarismo e consumo de substâncias prejudiciais.

“Esse maior risco cardiovascular pode ser comprovado pela observação do aumento do risco de incidência de infarto agudo do miocárdio na faixa etária de 20 a 40 anos”, explica o médico.

O aumento da incidência de obesidade entre jovens e adultos, associado ao sedentarismo e ao consumo de alimentos ultraprocessados, o crescente uso de esteroides anabolizantes e psicoestimulantes, além do tabagismo – incluindo os cigarros eletrônicos – estão entre os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de condições que levam ao AVC, de acordo com o neurologista.

“O crescente uso de esteroides anabolizantes tem efeito pró-trombótico no organismo, aumento da velocidade do acúmulo de placas de colesterol e hipertrofia cardíaca, que pode aumentar o risco de arritmias causando o AVC. O uso de cigarros eletrônicos também vem sendo associado, segundo estudos, ao aumento do risco de AVC nos usuários desses dispositivos “, afirmou o médico.

A prevenção do AVC, segundo Lucas Bertoldi, passa pela adoção de hábitos saudáveis, como a prática de atividade física, alimentação equilibrada, a interrupção do tabagismo, o controle de comorbidades como hipertensão e diabetes, o controle do estresse e um sono adequado.

Por isso, estar próximo a um serviço de emergência preparado pode fazer toda a diferença. Quanto menor o tempo entre os primeiros sintomas e o início do atendimento, maiores são as chances de evitar sequelas graves e salvar vidas. Nessas horas, a agilidade no socorro é decisiva — é o que os especialistas chamam de “hora de ouro” no atendimento ao AVC.

Entre os sinais de alerta da ocorrência de um AVC estão a paralisação de membros e da face, fraqueza em membros e dificuldades de fala, e o atendimento médico precisa ser rápido, alerta o médico “A identificação rápida é essencial porque já possuímos tratamentos que podem reverter o AVC. Isso precisa ser feito em até 4 horas e 30 minutos, e por isso o tempo é essencial”, finaliza o especialista.