Doses altas de laxantes, mudanças na alimentação sem resultados, peregrinações por diferentes médicos especialistas: essa era a rotina da pequena Maria Júlia Pádua, de 7 anos, que sofreu com graves problemas de constipação intestinal por toda a infância. A mãe, a oficial de Justiça Renata Pádua, conta que por anos procurou ajuda com diferentes especialidades médicas, em São Paulo e centros do norte paranaense como Londrina e Maringá, mas nenhum diagnóstico era capaz de trazer alívio à filha, que já sofria com consequências psicológicas e sociais decorrentes da situação.
“Ela sofria muito. Ia ao banheiro mas não conseguia evacuar. Passei por muitos médicos, e chegou um momento em que torcíamos para o resultado de exames dar alguma doença, porque assim pelo menos poderíamos ter um tratamento. Mas não vinha. O último recurso era realizar a colostomia”, contou a mãe.
E foi com o procedimento de colostomia já agendado para o inicio do mês de setembro que apareceu uma luz no fim do túnel para o caso da pequena Maria Júlia. Um exame de ressonância magnética realizado em uma clínica em São Paulo detectou o que poderia ser um pequeno lipoma na região da base da coluna.
Quando localizado nessa região, o lipoma, um tipo de tumor benigno formado por tecidos adiposos, pode afetar as terminações neurológicas, causando uma condição chamada de “medula presa” que pode interferir em diversas funções do corpo, entre elas, o controle da evacuação. A partir do resultado do exame, Renata encontrou por meio das redes sociais o neurocirurgião pediátrico Alexandre Canheu, que realizou a avaliação cirúrgica do lipoma para evitar o procedimento de colostomia.
“Quando a constipação intestinal não tem nenhuma causa alimentar, nenhum sinal de má formação, é preciso pesquisar causas neurogênicas. E no caso da Maria Júlia, tínhamos o que se chama de intestino neurogênico, causado pela medula presa”, alertou o neurocirurgião, que é referência em cirurgia de tumores do sistema nervoso central.
O lipoma que afetava as terminações da medula de Maria Júlia foi removido em cirurgia realizada no Hospital Evangélico em Londrina em setembro, em procedimento comandado pelo neurocirurgião Alexandre Canheu, e transformou a vida da família da criança. Depois de anos procurando por um diagnóstico, Renata conta que poucos dias depois da cirurgia, a filha já conseguia ir normalmente ao banheiro.
“Ela está curada. Não sei o que teria acontecido, mas com certeza a minha filha estava em risco de vida. Foram muitas situações tristes nesses últimos anos, procedimentos nada humanizados, com a biópsia de intestino, até chegar à cirurgia do doutor Canheu”, contou, aliviada, a mãe de Maria Júlia.