As redes sociais tornaram-se o local em que as pessoas mostram, além de ideias e posicionamentos, sua vida íntima. A crítica mais ferrenha às redes decorre de uma falta de “verdade” demonstrada nas postagens. Muitos ainda não compreendem que há uma “edição” da realidade, e se sentem decepcionados com a própria vida, supostamente, menos interessante que a de sua rede de contatos.
A versão publicada revela apenas uma parte do todo ou pinta os acontecimentos com cores mais vivas. Por isso, imergir neste tipo de ambiente virtual pode levar à frustração e a todo tipo de sentimento negativo. Em alguns casos, até mesmo a um quadro clínico de depressão.
Há estudos científicos que comprovam o poder das redes sociais na diminuição da felicidade pessoal. Uma equipe do departamento de psicologia da Universidade da Pensilvânia (EUA) analisou as experiências de 143 estudantes, de 18 a 22 anos, com as três plataformas mais populares entre os alunos da graduação: Facebook, Snapchat e Instagram. Os resultados apontaram que, quem ficou nas redes por mais tempo, teve aumento significativo na sensação de solidão.
Como sair dessa?
Da mesma forma que há estudos para apontar o que pode fazer de mal à saúde mental, há outros que revelam o que faz bem. Um dos mais sérios relaciona-se à “ciência da felicidade”, a psicologia positiva. O objetivo é focar nas forças, ao invés de nas fraquezas, e fazer com que as pessoas adquiram competências para lidar com suas vidas, sendo capazes de intervir de forma proveitosa.
Com a psicologia positiva, condições que envolvem relações interpessoais, propósito, satisfação e motivação deixaram de ser abstratas e passaram a ser analisadas de forma sistemática e científica. “Por meio da neurociência, descobrimos que disfunções na amígdala ou baixos níveis de dopamina ou serotonina podem ter origens genéticas, mas, pelo menos, 50% do nosso bem-estar está diretamente conectado ao ambiente, e por isso é tão importante que criemos um ambiente propício a ele”, explica Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada, pela Universidade da Pensilvânia, e presidente da SBCoaching.
Como encontro meu bem-estar?
Para Flora Victoria, o bem-estar é mais que a ausência de estados psicológicos negativos: ele é diretamente influenciado por perspectivas subjetivas, por metas alinhadas a propósitos, que trazem satisfação. “Sem se dar, a pessoa pode acabar se autossabotando. A busca pelo bem-estar pleno, inevitavelmente, fracassa, porque ela deixa de atender suas necessidades e desejos enquanto indivíduo”, explica a psicóloga.
Prestar atenção ao tempo gasto nas redes sociais e ao nível de importância dado a elas é fundamental para o indivíduo entender como isso está afetando seu bem-estar, um índice mensurável e que decorre da satisfação nos diversos domínios da existência.
Para entender se o bem-estar é parte integrante da vida, é preciso atentar-se àquela sensação agradável e recompensadora ao fim do dia. “Pessoas que mantêm relações mutuamente satisfatórias, veem sentido em suas atividades e têm um senso de controle sobre o que vivem. São indivíduos que certamente vivem este sentimento e sensação de bem-estar”, diz a especialista em psicologia positiva.
Cinco dicas do professor da felicidade
Outro expoente da área de psicologia positiva, o israelense Tal Ben-Shahar, acredita que ser feliz “não é estar bem o tempo todo, mas saber agir com o desconforto e não deixar de ficar bem mesmo em situações difíceis”. A seguir, ele dá algumas dicas preciosas para processar emoções ruins:
Aceitar os erros
Aprender que falhar é parte do processo de inovação, por isso deve-se “abraçar o stress e o fracasso”, pois isso faz parte do que é ser humano.
Simplificar a vida
Dar tchau à ansiedade e praticar a paciência durante as tarefas.
Praticar exercícios físicos
Estimular o sistema circulatório, liberar tensões e produzir endorfina no corpo, promove a sensação de bem-estar.
Ter um hobby
Dar um tempo nas obrigações, tarefas e compromissos do dia a dia e dar um alô para o prazer da atividade preferida.
Praticar a Gratidão
Ir além da racionalidade, da obrigatoriedade de agradecer; o sentimento de ser grato é o que conduz à felicidade.
(Com informações da assessoria de imprensa da Sociedade Brasileira de Coaching – Foto: Arquivo)