Início Cidade e Região Em 2022, shoppings venderam 20% mais e retomaram números da pré-pandemia

Em 2022, shoppings venderam 20% mais e retomaram números da pré-pandemia

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Aurora Shopping Londrina: setor em crescimento (Tatiane Galindo/Divulgação)

A Abrasce divulga os dados do Censo Brasileiro de Shopping Centers 2022-2023 e mostra a reação do setor ao longo do ano passado. O faturamento foi de R$ 191,8 bilhões, se aproximando do volume registrado em 2019 e com crescimento de 20,5% comparado a 2021. Esse valor superou, inclusive, o índice projetado pela Abrasce no início de 2022, que era de 13,8%. O aumento nas vendas nos shoppings foi gradual e contínuo em 2022. Descontada a inflação do ano de 5,8%, o crescimento real foi de 14,7%, bem acima do comércio de rua, que teve alta de 4,9%, conforme o Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA).

Vários fatores colaboram para esse resultado, segundo Caroline Louise Gulisz, coordenadora de Inteligência de Mercado, da Abrasce. “A normalização das atividades do setor após as restrições causadas pela crise sanitária, aliadas aos menores níveis de inflação em comparação com 2021, abriram espaço no orçamento familiar, assim como avanços na massa de renda influenciados pelo crescimento nos postos de trabalho ao longo do ano.”

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada em janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego caiu para 8,1% no trimestre encerrado em novembro de 2022, sendo a menor taxa desde primeiro trimestre de 2015, quando o índice foi de 8%.

E esse resultado positivo nas vendas coincide com a franca recuperação de fluxo. Os shoppings brasileiros receberam 443 milhões de visitantes por mês, uma alta de 12% comparada ao mesmo período de 2021. Mesmo sendo abaixo do fluxo de 2019, as compras passaram a ser mais assertivas, reflexo do comportamento dos consumidores.

“Muitas vezes, antes da pandemia, as pessoas visitavam o shopping apenas para passear e sem de fato consumirem. Hoje, temos observado um aumento de clientes saindo de casa para irem aos shoppings e uma queda de frequentadores vindo do trabalho, devido ao aumento de vagas home office”, diz Caroline.

Mas é fato que crescimento nas vendas ocorreu à medida em que o nível de clientes aumentou, pois, o setor oferece aos frequentadores um ambiente seguro e com muita experiência, que vai muito além das compras. As datas comemorativas também contribuíram expressivamente para o faturamento, superando as expectativas da entidade.

“Tivemos crescimento em diversas datas comemorativas, como, as duas mais importantes do varejo. O Dia das Mães teve alta de 28,6% e faturamento de R$ 5,3 bilhões e o Natal contabilizou uma elevação de 5,9%, resultando em R$ 5,6 bilhões em vendas.”

Esses são grandes indicativos do fortalecimento dos shoppings em 2022. Segundo Glauco Humai, presidente da Abrasce, o arrefecimento da inflação abriu espaço no orçamento familiar para o consumo de bens e contribui para a elevação da confiança dos consumidores. O aumento das vagas de trabalho elevou a massa de rendimentos do trabalhador, possibilitando a aquisição de mais itens.

Por outro lado, incertezas com o cenário político e econômico mantiveram a confiança dos consumidores mais cautelosa. O aumento dos juros diminuiu o volume de crédito e pressionou o endividamento das famílias, o que desfavoreceu o consumo. Em novembro de 2022, 78,9% das famílias estavam com dívidas em atraso ou não, de acordo com os dados divulgados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Mesmo com a Selic estável desde agosto de 2022, o Brasil ficou na liderança do ranking mundial de juros reais.

Mais investimentos, lojas, marcas e empregos

A Abrasce acompanha continuamente as inaugurações e as expansões e sempre faz uma revisão e atualização de empreendimentos. A associação considera shopping center os modelos com Área Bruta Locável (ABL) superior a 5 mil m2, formados por diversas unidades comerciais com administração única e centralizada, que praticam aluguel fixo e percentual.

O ano passado teve o maior número de greenfields comparado aos dois anteriores. Oito projetos foram concluídos e abertos, o que elevou o número de empreendimentos para 628 shoppings no país. São eles: Shopping Cidade das Artes (Embu das Artes/SP); PB Shopping (Pato Branco/PR); Shopping da Vila (Delmiro Gouveia/AL); Shopping Pátio Petrópolis (Petrópolis/RJ); Taquara Plaza Shopping (Rio de Janeiro/RJ); Boulevard Center Muriaé (Muriaé/MG); Pirâmide Shopping Tambaú (João Pessoa/PB); City Center Outlet Premium (Campo Largo/PR).

Cinco dos novos ativos são os primeiros dos munícipios em que estão localizados. E isso apenas comprova que o movimento de interiorização continua, mas ainda equilibrado pelas inaugurações nas capitais. Com isso, a presença do setor se mantém com 44% nas capitais e 56% em outras cidades. 38% dos shoppings ficam em municípios com mais de 100 mil até 500 mil habitantes e 31% em cidades com população entre mais de 1 milhão até 10 milhões.

Com as inaugurações previstas para esse ano, o setor abrangerá 244 municípios do Brasil. Em destaque no estudo, também estão os 10% dos shoppings que passaram por expansões em 2022. Somando as inaugurações e expansões realizadas no ano passado e previstas para 2023, a ABL se eleva para 17,51 milhões de m2, um acréscimo de 1,6% em relação a 2021, o que impactou na alta de 2,7% no número de lojas em shoppings no país. São 115.817 operações. Segundo Caroline, houve adiamento de algumas obras durante a crise sanitária, que foram retomadas ou iniciadas a partir do momento em que os casos de Covid regrediram e as atividades voltaram sem restrições.

A taxa de ocupação também apresentou índices positivos. “Até novembro de 2022, a taxa média registrada é de 94,3%. No mesmo período de 2021, era de 93%”, explica Caroline. Conforme o monitoramento da Inteligência de Mercado, da Abrasce, notou-se um maior número de novas marcas. Apenas no terceiro trimestre de 2022, foram 1.419 marcas que entraram no mix, representando um incremento de 16,2% comparado ao 3T21.

O setor ainda sinalizou mudança no plano de mix e alguns empreendimentos passaram a incorporar operações de segmentos menos ou ainda não explorados, que, muitas vezes, têm se tornado âncoras dos respectivos empreendimentos.

Com mais ABL e lojas, consequentemente, o setor gerou 2,4% a mais de empregos, fechando o ano com 1.043.835 postos de trabalho diretos. Para 2023, os investimentos em greenfields continuam e espera-se a abertura de 15 novos empreendimentos. Além disso, o ritmo das expansões deve ser mais acelerado já que 26% responderam que pretendem ampliar a ABL dos ativos.

Dos 628 shoppings em operação, o Censo da Abrasce revela ainda que 30% correspondem a complexos multiúsos, uma tendência que só cresce no decorrer dos anos. Geralmente, eles incorporam torres empresariais e residenciais, centros médicos, hotéis e universidades.

A Abrasce também monitora o cinema no estudo do Censo Brasileiro de Shopping Centers, que, em sua grande maioria, está concentrado dentro dos malls e é uma importante âncora. Esse dado também é positivo. Foram computadas 3.051 salas, um aumento de 1,2% comparado a 2021, ou seja, houve a abertura de 32 novas salas ao longo de 2022. Aliás, os players de lazer e entretenimento ganham cada vez relevância em shoppings de todo o país.

O que esperar de 2023

A Abrasce segue muito otimista e prevê um recorde de vendas em 2023 com projeção de crescimento de 14,6%. Acompanhando essa recuperação gradual de toda a indústria, é possível ver que ainda existe uma demanda reprimida por conta da pandemia e, com a redução da inflação e da taxa de juros, o consumo será favorecido.

“A redução da taxa Selic a partir de agosto de 2023 deve aliviar as pressões no mercado de crédito e beneficiar o crescimento das vendas de bens duráveis no segundo semestre”, aponta Caroline. No cenário macroeconômico também existe a previsão da ampliação da massa de renda com ganhos reais dos rendimentos e arrefecimento dos preços de bens de consumo. (Fonte: Abrasce)

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