A pré-estreia do longa-metragem “João Antônio – Preciso contar tudo o que vi” tem sequência nesta sexta-feira (19) com mais duas sessões. Às 10h, a obra será exibida no Cine Londrina do Royal Plaza Shopping (rua Mato Grosso, 310, Centro). A segunda sessão está marcada para as 16h, na Usina Cultural (avenida Duque de Caxias, 4.159, Vila São Caetano). Com classificação indicativa para maiores de 16 anos, ambas sessões são gratuitas. A retirada de ingresso será feita por ordem de chegada no local.
Com roteiro e direção de Rodrigo Grota, o documentário acompanha a vida do escritor e jornalista paulista João Antônio, considerado pai do ‘conto-reportagem’. João Antônio foi um dos primeiros jornalistas a retratar personagens marginalizados pela sociedade a partir de uma estética inventiva e reflexiva. “Não só dava voz a essas personagens que geralmente não são protagonistas, como também criava toda uma singularidade para cada uma dessas personagens: a forma de falar, de sentir, de se mover”, contou Grota.
De origem paulista, João Antônio (1937-1996) morou em Londrina por alguns meses em 1975. O jornalista veio a cidade para trabalhar no Jornal Panorama, veículo alternativo que serviu de resistência durante o regime militar. Sua passagem pela cidade foi breve, mas, mesmo assim, o autor teve uma grande influência nos artistas locais e na imprensa londrinense da época.

Segundo o diretor do longa, enquanto repórter especial do Panorama, João Antônio não precisava fazer matérias diariamente. Ao todo, o jornalista produziu cerca de dez textos entre reportagens, crônicas e contos. Entre as produções desse período, Grota destaca uma espécie de relato histórico em que João conta a história de Londrina de forma mágica e muito bem humorada. Esse texto viria a ser republicado posteriormente com o título ‘Os Anos Loucos de Londrina’.
Anos depois, em 1990, o jornalista retorna a Londrina. “Ele sempre demonstrou muito carinho pela cidade, a ponto de sugerir ao Nelson Capucho uma coluna semanal na Folha de Londrina. Entre seus lugares prediletos estava a Vila Casoni. A gente filmou muito lá em busca dessas paisagens que seduziram o escritor”, compartilhou.
A produção do longa teve início em 2023, mas Grota ressalta que o interesse em produzir uma obra audiovisual sobre o jornalista surgiu em 2015, quando leu o livro “Coração Rueiro”, uma coletânea organizada por Tony Hara. A partir desse momento, o diretor deu início às pesquisas sobre a trajetória de João Antônio.
O diretor conta que a montagem da produção foge do formato clássico de um documentário biográfico tradicional. A produção utiliza imagens de arquivos, mas também há cenas ficcionais e de adaptação dos contos. Além disso, o longa buscou dialogar com a estética literária do autor. “Há uma estrutura, mas ela é bem livre e digressiva. Além das 16 entrevistas que realizamos, há dois depoimentos de áudio dos anos 1980 que encontramos, que resultam em duas horas da voz do próprio autor João Antônio falando de si e da sua literatura. Conseguimos localizar também um documentário feito em 1987 em Berlim, apresentando essa vivência do autor na Alemanha por uma temporada”, explicou.
O longa é uma produção da Kinopus com patrocínio do Governo Federal e da Prefeitura de Londrina, via repasse da Lei Paulo Gustavo, e também do Governo do Paraná com recursos repassados da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB). A primeira sessão da pré-estreia do longa ocorreu nesta quarta-feira (17), com exibição gratuita no Sesc Londrina Cadeião. “Estamos tentando viabilizar esse documentário há 10 anos. Dessa forma, o patrocínio da Prefeitura de Londrina, via Lei Paulo Gustavo, junto ao Governo Federal, foi essencial para dar vida ao nosso filme. Se não fosse esse apoio, não teríamos como realizar esse filme”, agradeceu.