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Profissão síndica: os desafios das mulheres à frente de condomínios

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Clarice Sanches: 15 anos de experiência no segmento

Apesar de preconceitos e desconfianças, mulheres exercem papel fundamental na posição de síndicas e podem fazer a diferença para a gestão condominial

As mulheres ocupam cada vez mais posições e cargos que antes eram mais masculinos. A área condominial e a sindicatura, em especial, são algumas delas. E mesmo já representando boa parte dos profissionais ou síndicos orgânicos que gerenciam os condomínios, as mulheres ainda enfrentam desafios apenas por serem mulheres, têm excesso de trabalho, sofrem preconceitos e desconfianças. Como superar essas dificuldades para exercer essa função? “Preparação, capacitação e fazer da melhor forma o trabalho”, é a receita de Clarice Sanches, síndica há 15 anos.

Consciente das dificuldades que permeiam a rotina da sindicatura feminina, ela frisa que os preconceitos podem comprometer não só a gestão de uma síndica, mas ainda intimidar outras mulheres que desejam se candidatar a uma vaga no seu condomínio ou mesmo seguir carreira nessa área. Clarice revela que no início da sua jornada como síndica viveu na pele dificuldades apenas por ser mulher.

Em um condomínio que administra, lembra a profissional, havia um conselho majoritariamente masculino e uma vez um dos membros orientou que ela chamasse um homem para verificar a finalização de um serviço que ela mesma havia contratado para o local. “Perguntei se ele, como conselheiro, podia verificar. Ele disse que não tinha tempo. Então, avisei que se ele quisesse ajudar o condomínio e verificar o serviço como um conselheiro fiscal, estava tudo bem e eu agradecia. Mas deixei claro que eu havia sido eleita síndica, era responsável civil e criminalmente pelo condomínio, e não precisava de um homem para validar meu serviço”, recorda Clarice. Na ocasião, avisou que colocava o cargo à disposição, o que não foi aceito. “Eu estava saindo do casulo, fiquei nervosa, mas foi um momento transformador e primordial na minha jornada como síndica”.

Para a síndica profissional e idealizadora da #chameAsíndica, os desafios para as mulheres são muitos e diários e para enfrentá-los é preciso assumir com profissionalismo a posição, se capacitar, estar cada vez mais preparada, organizar as demandas e se planejar o máximo possível. “Por vezes as mulheres ainda enfrentam sobrecarga de trabalho, sendo síndica moradora e precisando conciliar a gestão com a sua profissão, sua família, casa, filhos e outros compromissos. A demanda de toda mulher é alta, então eu oriento sempre que a gente encontre espaço para se cuidar, se autocuidar, e busque ferramentas para conseguir fazer a gestão do condomínio da melhor maneira”.

Sobre os diferenciais da gestão de uma mulher à frente de um condomínio, Clarice cita os cuidados nos “detalhes”: na limpeza, olhando os cantinhos, na decoração, na forma de se comunicar com os moradores, na maneira como pode promover a socialização no ambiente. “Homens e mulheres podem fazer a mesma coisa, mas a diferença, no meu ponto de vista, está no olhar feminino que é diferenciado e no cuidado com os detalhes”.

Neste mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher e que tantas pautas são levantadas, principalmente no que diz respeito aos desafios e desigualdades entre homens e mulheres, Clarice destaca que é fundamental que as mulheres se disponibilizem, se capacitem, não fiquem presas a uma função ou emprego em que não estão felizes, incluindo a gestão condominial. “Cuide de si mesma, não aceite não ser valorizada. É importante termos sempre em mente que se a gente não se cuida, se não estamos bem, não vamos conseguir cuidar do que está ao nosso redor, seja a família, a carreira ou a gestão de um condomínio”.

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