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Música “Verdinha” é apologia às drogas?

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O ano de 2019 terminou com mais uma polêmica envolvendo a maconha. Na véspera do Natal, a cantora Ludmilla apresentou seu novo sucesso, batizado de “Verdinha”, no programa de Fátima Bernardes, exibido pela rede Globo.

A letra da música em questão, que promete se tornar um dos hits do verão, fala sobre a plantação e venda de alfaces a um real. A planta seria cultivada no quintal da cantora, mas o sentido é dúbio e faz, claramente, alusão ao consumo da maconha. Afinal, a alface não causa efeitos alucinógenos, como a letra sugere.

A música está causando polêmica e já existe um abaixo-assinado correndo na internet para colher assinaturas pedindo que Ludmilla responda judicialmente por apologia ao uso de drogas. Os críticos tomam como base o artigo 33 do parágrafo 2º, da lei 11.343/2003 (Lei Antidrogas), que aponta a atitude ilícita de quem instiga, induz ou ajuda alguém a usar drogas. Outro artigo  do Código Penal Brasileiro, o 286, prevê ainda detenção ou multa para quem incitar publicamente a prática de crime, como é o plantio e venda de entorpecentes.

Por parte da cantora a polêmica é desnecessária e é justificada como ato de racismo. Em sua conta no twitter, Ludmilla reforça o direito à liberdade de se expressar livremente. “Um brinde à liberdade expressão, porquê (sic) de hipocrisia eu já tô cansada.”

No entanto, especialistas, grupos de familiares e entidades que atuam na prevenção ao uso de drogas não aceitaram o argumento da cantora e entendem que a música deve ser banida de horários em que o público infanto-juvenil tem acesso à televisão.

A psiquiatra Alessandra Diehl, especialista em dependência química e vice-presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas), lamenta que uma cantora talentosa como Ludmilla esteja utilizando sua imagem para fazer apologia ao plantio e consumo da erva.

“Ela é uma celebridade, um ícone, que certamente exerce grande influência no comportamento das crianças, adolescentes e jovens. Quando uma cantora divulga uma marca, uma droga ou uma ideia, elas vão sendo aculturadas, normatizadas para o público, que passa a acreditar que não há malefícios. Afinal, até meu ícone usa, então, também posso usar sem problemas. Esse público ainda tem baixa percepção do risco que as drogas oferecem”, afirma Alessandra Diehl.

Além disso, para a especialista, dizer que a letra da música é inocente e que estimula as crianças a comerem mais alface, não cola. “A letra traz à tona a maconha o tempo todo e se apropria do termo “Ruama”, que quer dizer deusa da colheita e da plantação. A palavra faz uma alusão fonética à Marijuana, um dos nomes da maconha. Além disso, a cantora diz que ficou doidona, chapadona só com a marola da Ruama. Mas todos sabem que esses sintomas pertencem ao uso da maconha e não ao ato de cultivar e comer alface. A letra, sem dúvida, glamouriza o consumo da erva, sem disfarce algum”, enfatiza Alessandra.

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