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Teatro: a poesia de Guimarães Rosa em curta temporada

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Cena da peça "Em alguma margem" (foto: Sergio Caddah)

O universo poético de João Guimarães Rosa se prepara para se despedir dos palcos londrinenses com uma curta temporada de apresentações na Divisão de Artes Cênicas da UEL (DAC) depois de uma circulação que abraçou espaços alternativos, colégios e vilas culturais de Londrina abarcando diferentes regiões da cidade, faixas etárias e classes sociais diversas. Nos dias 13, 14, 20 e 21 de julho, às 19h, o espaço recebe “Em alguma margem, no rio”, monólogo teatral com o ator londrinense Paulo Barcellos, com dramaturgia de Viviane Dias e direção de Jairo Mattos, livremente inspirado na obra de João Guimarães Rosa, principalmente no conto “A Terceira Margem” do Rio e no romance “Grande Sertão: Veredas.
Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados na plataforma Sympla (www.sympla.com.br/produtor/paulobarcellosteatro). O patrocínio é do PROMIC – Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina. Além da circulação, o projeto ainda prevê a realização do workshop “Memória e Narrativa” para alunos do Colégio do Patrimônio Regina, construído a partir de próprias histórias de família dos participantes, de seus pais e avós, lendas e histórias interessantes do Patrimônio seguido de apresentação do resultado para toda a comunidade no dia 18 de agosto.

No palco da DAC, um homem, uma canoa e os dilemas da vida e do tempo que escorrem junto ao rio. Um sertanejo está em uma canoa, descendo o rio, mas sua embarcação se prende a um tronco. Já delirando com o forte sol do sertão, a personagem vê esse tronco transformar-se em uma espécie de esfinge que impõe suas condições: que ele conte sua história para que possa continuar a viagem rio abaixo. “É um espetáculo que lida com a memória, a reflexão sobre experiências profundamente humanas, a ação e a liberdade e muito pertinente com a nossa contemporaneidade, num momento em que agimos mais do que refletimos, apegados aos condicionamentos sociais e valorados pelos conhecimentos utilitários. Além disso, a montagem tem como ponto de partida obras de profundo poder nutridor de nossa cultura, rico e abundante e de atualidade evidente”, comenta Paulo Barcellos.

A personagem busca, ao longo de quase sessenta minutos, o entendimento e a compreensão para poder enfrentar o desafio de perseguir “o caminho da falta” – menos ávido por segurança (emocional/material) e mais disponível a aceitar e crescer com as orientações que a vida lhe apresenta, expressas principalmente pela simbologia de elementos da natureza – a água, o curso do rio, o sol, o sertão. “A busca da poética do ator através da radicalidade do monólogo exige a firme presença do intérprete criativo e disponível em cena, num mergulho na humanidade da personagem e na busca de um diálogo imagético com o público”, completa o diretor do espetáculo, Jairo Mattos.

A direção apostou em um trabalho minucioso e sutil: o ator conduz a narrativa sem sair do pequeno espaço de sua canoa para privilegiar as imagens oriundas da palavra, do gesto e da poesia do texto. “Depois de 20 anos realizando a montagem, retornando a ela de tempos em tempos e fortalecido pela minha própria experiência de vida, sinto ter adquirido o domínio do gesto e da palavra, e, com poucos recursos a história é conduzida nos detalhes”, diz Mattos e complementa: “o encontro do intérprete consigo é o fluxo poético que alimenta a história para que ela se espraie. Ator, rio, canoa. A personagem narra e a narrativa liberta”.

SOBRE O PROJETO – A ideia central do projeto de circulação do espetáculo sempre foi o de democratizar o acesso, através de uma linguagem teatral, ao universo poético de Guimarães Rosa, autor de grande importância na literatura brasileira. Residente em Londrina desde maio de 2020, Barcellos traz no currículo participações em 14 montagens da Armazém Cia. de Teatro além de ser um dos fundadores do grupo; participou no Ágora CDT, entre 2000 a 2004, e de vários núcleos de estudo e de montagens sob supervisão de importantes diretores teatrais como Roberto Lage e Celso Frateschi. No Coletivo Bruto, desde 2007, trabalha como ator, diretor, iluminador e coordenador de produção em montagens e projetos multidisciplinares de teatro e performance. Trabalhou ainda com vários grupos e diretores, entre eles, Paulo de Moraes, Roberto Lage, Mário Bortolotto, Carlos Canhameiro, Marcelo Lazzarato e José Fernando Peixoto. Além da atuação em teatro e cinema em Londrina, desenvolve também os trabalhos de dança-performance Transe em Trópico que estreou em novembro de 2021 com o Núcleo Cinematográfico de Dança e Dádiva com texto e direção de Alexandre Dal Farra.

Ficha Técnica – “Em alguma margem, no rio”
Texto: Viviane Dias
Direção: Jairo Mattos
Interpretação: Paulo Barcellos
Pesquisa de som : Aline Meyer
Luz, figurino e cenário : Jairo Mattos
Produção executiva: Marcenaria Produções / Cris Resende
Assessoria de imprensa: Janaína Ávila
Programação visual : Daniele Stegmann
Operação de luz: Carol Vaccari
Operação de som: Marcos Martins

Serviço: “Em alguma margem, no rio”
Ingressos gratuitos – Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 60 minutos
Drama | Monólogo
Patrocínio: PROMIC – Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina.

Dias 13, 14, 20 e 21/07 | sábados e domingos às 19h
DAC – Divisão de Artes Cênicas da UEL
Endereço: Av. Celso Garcia Cid, 205 – Vila Siam
*Para a DAC a lotação é de 70 lugares. Retire seu ingresso gratuito pelo Sympla.(https://www.sympla.com.br/produtor/paulobarcellosteatro ).

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