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Sessão Kinopus exibe filme de Julio Bressane, nesta terça, no Sesi

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A Sessão Kinopus exibe nesta terça-feira (21), a partir das 19h, o filme “Beduíno” (2016, 75 min), o trabalho mais recente de Julio Bressane (1946), um dos grandes nomes do cinema de invenção brasileiro. Apresentado pela primeira vez ao público no Festival de Locarno há 2 anos, “Beduíno” conta com Alessandra Negrini e Fernando Eiras nos papéis principais e apresenta “um casal bastante curioso, dramaturgos de sua própria existência na qual a arte surge acompanhada de uma singular pretensão metafísica, procura pela coisa mais difícil, através de repetidas e variadas representações. Tudo isso, envolto a um cenário de luz onde se misturam esperança e desespero”.

Logo após a sessão haverá um debate com o crítico de cinema, montador e músico João Vitor Moreno – a mediação será do cineasta Rodrigo Grota. A classificação indicativa é para maiores de 12 anos. Entrada franca.

Em entrevista sobre o filme, Bressane explica que a ideia do projeto surgiu já há algum tempo:: “É um projeto ao qual devotei muitos anos, demorei quase 14 anos trabalhando nisso. É uma espécie assim de ode, de evocação à imaginação, à fantasia, à ficção, uma ideia de realidade mais ampla, uma realidade que incluía a memória, os sonhos, a poesia, toda a música. Isso tudo é real e é essa realidade que é evocada no filme”. Para Bressane, os personagens são “dramaturgos no sentido que representam a sua própria experiência, a sua própria vida. Com essa representação, evita, vamos dizer assim, um primeiro instinto de conflito, de desordem, e através da representação ordena a coisa difícil da convivência. Então fazem uma dramaturgia nesse sentido, uma representação além de si para poder entender a si próprio”.

Sobre o desejo de fazer filmes, Bressane observa: “Você vai fazendo filme e vai aprendendo com o que você vai fazendo e vai se livrando do que vai fazendo. É uma coisa muito difícil de responder por que você faz um filme. Você faz um filme para descobrir. (…) O cinema é feito por uma exigência e uma dificuldade muito grande, um organismo que atravessa todas as artes, todas as ciências, atravessa a vida. O cinema é um meio muito exigente, para estar ocorrente no cinema tem que fazer um permanente esforço. Isso independente de você ter ou não talento, ter ou não o espírito da coisa. Então você faz filme diante desse desafio. Tentar estar o mais próximo possível dentro dessa exigência”.

Sobre a valorização da palavra no filme, explica o diretor: “Foi um filme que me tomou muito tempo de leitura. Tive de amarrar muitos fios da minha curiosidade para chegar ao filme que eu desejava fazer, que é um filme muito relacionado com textos de uma língua portuguesa inatual. Para fazê-lo, eu tive de voltar à leitura de escritos do século XIX. Li, entre outros, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Alexandre Herculano, e fiz uma espécie de sinfonia de toda essa prosa. Então não é que eu tenha passado 14 anos fazendo esse filme. É que comecei a organizar isso num filme há 14 anos. Foi uma grande peregrinação pela música da língua portuguesa”. Ainda sobre a questão da palavra, Bressane acredita que “o contemporâneo está impregnado de anacronismos. O que é característico do contemporâneo é o inatual. Essa língua do filme é uma língua desaparecida. A ortografia tende a desaparecer. Acho que vamos chegar a uma escrita fonética. Com a homogeneização de tudo, o que devemos preservar são as particularidades, os particularismos. E o filme traz isso. Trata-se de um filme que vem de um princípio do [Friedrich] Schiller, que é o de que se deve evitar dar ao espectador um sentido, um direcionamento. Cada um deve sentir e entender o filme à sua maneira. E cabe ao público fazer o esforço de querer ver aquilo que lhe é oferecido.

A SK integra o cineclube da produtora Kinopus e será realizada no Centro Cultural Sesi –(Praça 1º de Maio, 130, Centro – em frente à Concha Acústica). Os ingressos gratuitos podem ser retirados com uma hora de antecedência no local. A 32ª edição da SK será realizada no dia 25 de setembro com a exibição do filme “Poesia sem Fim“, do cineasta chileno Alejandro Jodorowsky. Após a sessão, haverá um bate-papo com a presença do diretor de fotografia Anderson Craveiro.

Criada em abril de 2015, a Sessão Kinopus é uma iniciativa da produtora Kinopus com apoio do Sesi Londrina e tem como objetivo trazer a Londrina filmes que não chegaram ao circuito comercial, promover estreias de filmes locais, além de contribuir para a formação de público e estimular a reflexão sobre o cinema, sua linguagem e a sociedade. Todas as sessões contam com entrada franca.

(Com informações da assessoria de imprensa – Foto: Divulgação)

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