Uma troca intensa de informações e sensações. São assim as apresentações no Teatro do Clubinho, que teve a sua terceira temporada aberta neste mês pelo Londrina Norte Shopping. A Companhia Curumin Açu apresenta, em fevereiro, a peça “Chapeuzinho Vermelho” em sessões às 16h e 18h, sempre aos sábados e domingos.
Nos espetáculos, a interação das crianças com os atores é o forte das cenas, que ainda se enriquece com a participação e encantamento das famílias que têm a oportunidade de revisitar a infância. Aliás, “partilha” é a palavra de ordem do grupo, que considera extremamente importante compartilhar suas experiências e descobertas com o público.
A Companhia, que é formada por três atores, existe há cinco anos. Olifa Ollon, Carol Alves e Marco Antônio Paixão são os responsáveis pelas histórias contadas no palco. “Fazer teatro para crianças é pôr à prova sua sinceridade e sua verdade. Se um adulto não gostar de uma peça, ele sabe que deverá ficar até o final. Já a espontaneidade da criança não a permite fazer isso. Então se temos a atenção dela durante todo o espetáculo, sabemos que estamos no caminho certo”, explica Olifa Ollon, um dos atores e fundadores da Curumin Açu, completando ainda que além de todas as técnicas teatrais envolvidas, o lado humano também conta na hora de encenar os clássicos que a trupe leva ao palco.
A atriz Carol Alves, integrante da companhia há cerca de três anos, também fala sobre o viés humano dessa interação. “O teatro é uma ferramenta importante de reumanização, pois estamos em um momento em que os pais vivem na correria e as crianças passam muito tempo diante do celular e da televisão. Quando as famílias vêm para cá, é um momento ‘aqui e agora’ de trocas com os atores. Todos compartilham o acontecimento teatral, o que é muito bonito”, diz Carol revelando qual seu maior desafio como atriz. “Talvez o mais desafiador é estarmos abertos e disponíveis para essas crianças porque, com elas, sempre há uma surpresa, é impossível prever a reação delas. E é exatamente aí que mora a magia do Teatro do Clubinho. É uma delícia estar nessa troca tão intensa com essas crianças, e ver os adultos contagiados com esse clima é inexplicável”.
Já para o ator Marco Antônio Paixão, essa abertura é um grande exercício. “Você realmente deve estar muito receptivo. A criança não vai te enganar caso não goste da peça. Então, estar aberto para receber essa espontaneidade é também se colocar em uma relação de generosidade com elas, o que faz com que o teatro seja algo muito importante na vida dessas crianças. Assim, também temos a chance de dilatarmos nossas percepções a partir da disponibilidade do público sem ter que deixar essas preciosidades irem embora sem serem notadas”, opina.
Olifa, que é formado em artes cênicas há 16 anos e há mais de 25 anos se dedica a essa arte explica como é se reinventar a cada personagem. “Nunca, em nenhum outro palco, eu tive a oportunidade de fazer tantos personagens em tão pouco tempo como aqui no Clubinho, o que é uma oportunidade incrível de expandir meu repertório. O mais difícil não é necessariamente reinventar um personagem, mas sim, se desligar do outro. Cada peça traz algo novo, ainda que seja a reapresentação de uma mesma história, nos deixamos guiar pela reação do público. Às vezes, planejamos uma determinada ação achando que a plateia irá adorar e não acontece assim. Porém, a vibração das pessoas acabava vindo de algo que não imaginávamos ter todo esse potencial”, afirma Ollon. “Esse projeto mostra a fluidez que o ator precisa ter”, diz.
Para Carol, a reinvenção vem não só da pesquisa teórica, mas também dos ensinamentos trazidos por cada apresentação. “Cada vez é uma surpresa. Eu já interpretei muitas meninas e no final, acabei descobrindo o lado menina dentro de mim. Foi uma descoberta muito grande e importante. Então deixar que isso saia de dentro de nós e se mostre para o público faz também parte desse processo de troca e reinvenção de personagens”.
Marco Antônio liga sua troca de personagens à caracterização. “Esse processo vem de um background de pesquisa pessoal. Mas como a minha pesquisa está muito ligada às questões físicas, prefiro pensar de fora para dentro para depois fazer outras associações. Nisso, eu descobri que o personagem vinha através das roupas e maquiagem no camarim”, brinca Paixão, divertindo-se ao intercalar a sua voz com a da divertida Vovozinha da peça.
No terceiro ano de existência do Teatro do Clubinho, a Curumin Açu aposta na sintonia do grupo com o projeto do Londrina Norte Shopping. “O grupo está cada vez mais lapidado. São três anos de intenso trabalho. Já passamos por muita coisa e agora já podemos ser mais precisos e certeiros para refinarmos ainda mais o que fazemos. Que essa bagagem só nos acrescente nesse novo ano”, anima-se Carol, complementada por Marco Antônio. “Estamos revendo questões de ensaios e das dinâmicas dos processos para deixar nosso trabalho em cena ainda mais potente”.
Olifa fala não só em expectativas, como também em sentimentos da plateia. “Fazemos tudo isso para encontrar com o público. Então, queremos que eles dividam conosco esse momento tão único e especial que são as apresentações da forma mais sincera possível. As crianças são para nós como o ar é para uma fogueira. Nossa linguagem precisa do público aberto. Todos já abraçaram o Teatro do Clubinho nos dois últimos anos, então que esse ano possamos não só falar de teatro, mas também do lúdico e da relação entre famílias”, conclui.
E a temporada 2019 do Teatro do Clubinho realmente está só começando, com apresentações ao longo do ano todo, até novembro. E ainda, peças inéditas, vão surpreender e encantar o público. São elas “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, “O Rapto das Cebolinhas”, de Maria Clara Machado, o amado clássico “Pinóquio” e “A Cigarra e a Formiga”. Para o mês de março, a divertida “Chapeuzinho Amarelo”, baseada em um conto de Chico Buarque de Holanda e que faz alusão à peça que está em cartaz neste mês.
Os ingressos custam R$ 15 e podem ser adquiridos no site sympla.com.br/teatrodoclubinho ou na bilheteria do teatro, a partir das 14h nos dias das apresentações. Crianças de até 4 anos e pessoas com necessidades especiais têm direito a acompanhante, com pagamento de apenas um ingresso.
Foto: Roberto Francisco/Londrina Norte Shopping/Divulgação